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27/10 | projeto em quadros: Ponto de não retorno



27/10 às 20h

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A caminhada, o caminhar - pensando com o Guarani Nhandeva Almires Martins Machado, em sua tese: Exá raú mboguatá guassú mohekauka yvy marãe’y, defendida em 2015, principal referência para este trabalho - é parte fundante do guarani, é a filosofia de vida do guarani. Eu diria que é através do caminhar que o guarani agencia o mundo.

Neste vídeo, este caminhar direciona-se às retomadas de terras ancestrais, a retomada de um território em que é possível exercer o “bem viver” teko porã. Trago a caminhada de minha avó de minha bisavó, em uma ocupação de moradia na fronteira oeste do estado do Rio Grande do Sul, local em que minha família reside após mais de 14 anos de luta.

A forma como se deu a colonização da fronteira do Brasil foi etnocida, o conceito de etnocídio é central para pensarmos as periferias no Brasil, como foi o processo de criação do Estado brasileiro e da construção de identidade racista nacional.


Resumidamente, o etnocídio pode ser caracterizado com a expulsão dos indígenas de seu território (território que faz parte de si) e o processo de “transformar o índio em pobre”. Fenômenos chamados de “aculturação” e “branqueamento” social: “fazer o índio cidadão brasileiro”, fenômenos estes, de integração do indígena na sociedade brasileira, colocando-o em situação de peri- feria e miséria. Como resposta ao etnocídio e o empobrecimento compulsório da população indígena, surgem os movimentos de ocupação por moradia.

Na vasta literatura etnográfica encontramos o tema da caminhada profundamente relacionado com o tema de Yvy Maraey, a chamada “Terra sem males”, Machado (2015) descreve Yvy Maraey como a terra em que não se morre, onde nada tem fim, terra da perfeição. Essa terra é encontrada próxima do mar. Caminha-se em direção a esta terra com a perspectiva de bem viver, é a terra da luz.

Há um ponto de não retorno para o processo de etnocídio e ecocídio?

Ficha técnica

Imagens em vídeo e fotografias analógicas captadas, por mim, desde 2016 na ocupação em que reside minha família na fronteira oeste do estado do Rio Grande do Sul após uma luta de mais de 14 anos. Sobrepostas com imagens de uma performance que realizei no quarto em casa, gravado com uma câmera digital e com projeção. Os vídeos da projeção são capturas que realizei em diversos anos, mas principalmente em 2017, na travessia da praia do Cassino ao Chuy na fronteira do Rio Grande do Sul com o Uruguai.

A montagem também é realizada por mim. Foi pensada para que o vídeo possa ficar em looping. As sobreposições realçam a ideia de quadro e janela, proposta do projeto.


foto: Oendu de Mendonça

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