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26/10 | projeto em quadros: Os desejos de Andine



26/10 às 20h

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Para o EmQuadros a artista Rita Spier propõe a criação de um experimento audiovisual baseado em uma fábula infanto-juvenil de própria autoria, investigando o hibridismo dos recursos de edição de vídeo com a linguagem dos objetos nas formas animadas. Pessoalizando o objeto: bota, pretende criar metáforas fazendo com que a condição do objeto se relacione com a condição humana abrindo um campo imagético que conduz para diferentes leituras, composto de subjetividades implícitas em um corpo-objeto.

Os Desejos de Andine:

“Andine é uma bota amarela que diz ser impermeável, mas talvez não seja. Ela só sai de casa quando está chovendo e no final do dia quando volta para a casa, sempre che- ga encharcada de água. Em dias de sol ela fica esquecida lá na caixa de sapatos. Quando sente a caixa sacolejando, os sapatos se revirando e em seguida aquela mão humana vindo em sua direção já sabe que mais uma vez vai para a rua num dia chuvo- so. Sim, Andine sabe que o nome disso é “dia chuvoso”; ela aprendeu escutando os seres humanos. Ela escuta pela lingueta. Ao contrário dos humanos, que têm um órgão muscular que se chama língua e que auxilia na comunicação de gente falante, para as botas, a língua ou a lingueta serve para elas escutarem. Os humanos falam pela boca, as botas pela biqueira. Na verdade, pouquíssimas botas falam porque a biqueira delas é fechada e só abre depois de serem usadas por muito tempo, quando vão ficando mais velhas, surradas. Mas os humanos não aceitam ter botas com biqueiras abertas, eles logo tratam de fechá-las. Andine tem cinco anos e ainda não teve sua biqueira aberta, por isso nunca conseguiu expressar o seu maior desejo... abrir a janela e ficar nela to- mando sol, vendo o céu azul. Às vezes a mão humana a coloca na janela para ficar no sol, secando-se depois de um dia chuvoso. Mas Andine fica lá por pouco tempo. Depois de seca, volta para a caixa e lá fica esquecida mais uma vez. Andine queria o poder de abrir a janela por conta própria.”

A personagem, ao fim, conseguirá alcançar seu desejo? A partir de recursos de edição e manipulação de objetos, Andine se deslocará até a janela, sozinha. E lá ficará esperando pelo sol. Essa sequência final pretende criar um ar onírico, uma atmosfera surreal com esse objeto que passará a se deslocar autonomamente. Para Andine, todos os dias são chuvosos. Ela é um objeto que está preso a essa condição. A qual condição, nós seres humanos também estamos presos? Dias chuvosos? O sol virá? Conseguiremos sentir o sol novamente como antes? Talvez os desejos de Andine sejam exatamente os mesmos que estamos almejando nos últimos tempos.

Ficha técnica

Idealização, concepção, atuação e edição de vídeo: Rita Spier

Captação de imagens: Rebecca Rodrigues Trilha sonora: Zeck Morganti


foto: Rebecca Rodrigues

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