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 gaúchos em cena 

Em sua oitava edição, o projeto Gaúchos em Cena tem o patrocínio da Braskem e homenageia a atriz, pesquisadora e encenadora teatral Tânia Farias, grande personalidade das artes cênicas no Rio Grande do Sul e atuadora da tribo Ói Nóis Aqui Traveiz há mais de duas décadas. Intitulado O teatro é um sacerdócio, o livro tem pesquisa e autoria do jornalista e crítico teatral Fábio Prikladnicki, doutor em Literatura Comparada pela UFRGS, repórter e colunista do jornal Zero Hora.

O lançamento da obra aconteceu no dia 28 de março, no Centro Municipal de Cultura, em Porto Alegre, na mesma semana em que se comemorou o aniversário de 40 anos do grupo Ói Nóis Aqui Traveiz. O evento, repleto de convidados e amigos, teve bate-papo entre o autor e a homenageada mediado por Fernando Zugno, Coordenador-Geral do Porto Alegre em Cena, seguido de longa sessão de autógrafos. Tânia Farias ainda mostrou, pela primeira vez, seu ensaio musical que integra parte da pesquisa para a criação do trabalho Violeta Parra – uma atuadora!, em parceria com o músico Mário Falcão.

A novidade literária também reserva uma grande surpresa para os leitores: a publicação de parte da obra poética da artista, pela primeira vez em livro, revelada através de 15 poemas reproduzidos no volume. O teatro é um sacerdócio ainda conta com apresentação de Luciano Alabarse, Secretário da Cultura de Porto Alegre; prefácio assinado por Paulo Flores, atuador e fundador do grupo Ói Nóis Aqui Traveiz; ensaio inédito do crítico Valmir Santos; além de textos de Marta Haas (atuadora do Ói Nóis), Dinho Lima Flor (da Cia. do Tijolo, de São Paulo) e Fernando Yamamoto (do grupo potiguar Clowns de Shakespeare).

Destacando o acesso ao conteúdo de forma gratuita, democrática, acessível e descentralizada, a obra além de ser distribuída sem custos para o público interessado também está disponível para download aqui no site (clique para baixar). Bem como, 100 exemplares serão destinados a escolas da rede pública do município, localizadas em zonas periféricas da cidade e que participam dos projetos de formação de plateia Inclusão em Cena e Sábado em Cena, realizados pelo Porto Alegre em Cena e apoiados pela Braskem.

 

PROJETO GAÚCHOS EM CENA

O projeto Gaúchos em Cena é uma coleção de livros que mapeia a história das artes cênicas no Rio Grande do Sul, através do registro biográfico de artistas extremamente representativos para a classe cultural do estado, com publicação anual produzida pelo festival internacional de artes cênicas Porto Alegre em Cena. A proposta é baseada na percepção de que um livro se traduz em um documento essencial para registro, memória, vida e história de uma região e do seu universo artístico. Um importante material para a pesquisa de técnicos da cultura, artistas, professores e estudantes de todo o país, uma obra para integrar o acervo das bibliotecas públicas e instituições de ensino que se dedicam ao estudo da arte.

A Braskem patrocina o Porto Alegre em Cena há mais de 12 anos, contribuindo decisivamente para a descentralização das atividades do festival e a ampliação do seu alcance. Além do Prêmio Braskem em Cena, realizado em todo este período, e ao Inclusão em Cena, projeto que possibilita a estudantes da periferia assistirem a peças de teatro local com duas edições já realizadas, em 2018, a empresa também assume o patrocínio do Gaúchos em Cena.

Patrocínio:

 TÂNIA FARIAS, UMA PENSADORA DO TEATRO 

 por Fábio Prikladnicki 

Acompanho o trabalho de Tânia Farias há pouco mais de uma década, o que representa cerca de metade de sua trajetória na Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz. Seus mais de vinte anos no grupo, da mesma forma, somam mais ou menos a metade da história do Ói Nóis, que completará 40 anos em 2018. Essa curiosa coincidência matemática ronda o oitavo volume da série Gaúchos em Cena.

Embora a bibliografia sobre o grupo – um dos mais destacados no teatro brasileiro – já conte com um número significativo de livros, publicados pelo selo próprio Ói Nóis na Memória, este é o primeiro que aborda o percurso profissional e pessoal de Tânia. No decorrer das páginas da entrevista que constitui seu cerne, fica claro que, para ela, vida e teatro são indissociáveis. O mesmo pode ser dito sobre sua relação com o grupo. Ao falar de Tânia, falamos do Ói Nóis, como diz a pesquisadora Vivian Martínez Tabares em um texto incluso no volume.

O livro aborda sua carreira, rememorando alguns dos espetáculos mais marcantes, mas principalmente registra um momento de vida. Esse momento é de maturidade como atriz e mulher, mas também de crise, como ela explica na entrevista. Tânia não apenas conta os bastidores de suas criações no Ói Nóis como expõe sua visão de mundo a respeito de assuntos como política, ética, feminismo, religião e espiritualidade.

Mesmo os espectadores que a acompanham há tempos descobrirão novas dimensões. Está aqui uma verdadeira pensadora do teatro, cujas opiniões ousam ir na contracorrente das expectativas. Mas para ela a teoria só tem sentido na prática, ou seja, no dia a dia do incansável trabalho do atuador – no vocabulário do Ói Nóis, esta palavra designa a fusão do ator com o ativista.

Com prefácio do parceiro de longa data e mestre, Paulo Flores, além de textos reflexivos de seus pares no teatro e um ensaio crítico de Valmir Santos, o volume conta ainda com poemas escritos por Tânia, aqui publicados pela primeira vez em livro. Será uma revelação para a fatia significativa do público que ainda não havia tido acesso a essa vertente de sua produção.

Diferentemente de livros que honram artistas em fim de carreira ou cujo auge ficou no passado, este registra uma atriz em plena ebulição: inquieta e inconformada, Tânia sempre mira além. Os interessados na criação teatral entenderão como ela constituiu sua singular técnica de atuação e ajudou a moldar a poética do Ói Nóis com seus múltiplos talentos – entre eles, a elaboração de figurinos. Os que não desejam se aprofundar nas entranhas dos processos mas se interessam pelas coisas da arte e da vida terão, ainda assim, farto material à disposição no afiado discurso de Tânia.

Ao final da leitura, assim espero, será impossível não se interrogar, com avidez, sobre os próximos passos dessa atuadora exemplar. Fica a sensação de que a maturidade, uma fase que só chega com muito suor e dedicação, está apenas começando para ela.

publicações anteriores

1º Sandra Dani - Memórias de uma grande atriz, por Hélio Barcellos

2º Zé Adão Barbosa - Movido à paixão, por Rodrigo Monteiro

3º Ida Celina - História(s) em mim, por Fernando Zugno

4º Carlos Cunha Filho - Talento em primeira pessoa, por Renato Mendonça
5° Deborah Finocchiaro - A arte transformadora, por Luiz Gonzaga Lopes

6º Mauro Soares - A luz no protagonista, por Roger Lerina

7º Luiz Paulo Vasconcellos - Ao mestre, com carinho, por Zeca Kiechaloski

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